Pular para o conteúdo principal

Peças de um Quebra Cabeça só


Eu queria escrever um texto.
Não só um texto, mas um apanhado geral dos meus sentimentos, à medida que ministro doses homeopáticas de lirismo e de amor. Nem ponto de partida eu acho, daí sigo a antiga dica de uma antiga professora de Português - talvez a única partindo desta que tenha servido - começar a escrever sobe não conseguir escrever.
Daí as ideias pintam e bordam, de brincadeira com minha cara, e chegam de mansinho tomando conta do recinto, afim de provocar curiosos efeitos e um misto de "o que é que eu quis dizer mesmo"?

Nesse meu texto eu queria colocar tudo o que eu amo. Dizem que as palavras são como um elástico que estica pra sempre e em todas as direções, sem nunca arrebentar. Mentira, não dizem coisa alguma, quem disse fui eu e agora. Tenho que parar com essa mania de achar que minhas metáforas não serão boas o suficiente se não partirem de outrem.
Mas voltando no que eu amo, eu acho que colocar tudo o que se ama num texto só é babaquice, por isso eu queria colocar nesse aqui apenas as PESSOAS que eu amo.

Nem esperem que eu vá citar uma a uma, não sou disso, e nem enumerar qualidades ou fazer um daqueles textos genéricos dizendo que eu amo todo mundo e enaltecendo a importância destes na minha vida - apesar de serem.

Meu egoísmo vai me fazer falar de mim mesmo o texto todo, e eu só queria escrever um texto pra todo mundo. Só que todo mundo sabe que eu sou bem assim, bem cheio de mim morando no meu plantetinha de fantasia.

Mas meu planeta precisa de luas, antes que as marés dos meus sentimentos cubram cada um dos meu sonhos decorrente de tamanha intensidade, ou fiquem estáticas no medo de ferir a natureza local e perder a própria identidade, não mais sendo reconhecido.

Preciso de gente pra me agitar, e de gente pra me fazer ficar parado. E minha missão tem sido colecionar paulatinamente novos amores. De perto ou de longe, semelhantes ou completamente distintos, irritantes ou serenos.

Eu só queria um texto pra explicar e encher de nhé-nhé-nhém uma das minhas máximas pessoais: que eu sou completamente "incaracterístico" sem os meus amores. E nem pensem que vão se livrar de mim num plano secreto pra me deixar vazio.

Comentários

Líviarbítrio. disse…
Lindo.
Tudo o que eu precisava ler:

"Só que todo mundo sabe que eu sou bem assim, bem cheio de mim morando no meu plantetinha de fantasia."

Perfeito, meu caro.
Parabéns. Você vive.
Tiago Faller disse…
E esse é o Celo! =) Sempre perfeito em suas palavras e direto ao ponto.

Novamente, estava com saudade de ler seus pensamentos.
Letícia disse…
Fiquei procurando palavras para escrever um bom comentário, digno ao menos, do que foi escrito, mas como já lhe disse, eu estou com dificuldades de escrever qualquer outra coisa que não seja cartas de amor; por fim acabei lembrando que o amor é o tema central do texto.
Houve um curto espaço de tempo em que eu dizia ter execrado as minhas jubilosas paixões, sei que estava mentindo no fundo, mas ficava repetindo incisivamente “não preciso de ninguém, só de mim mesma”, envolvida por essa momentânea “auto-suficiência”, passei várias noites trancadas no meu quarto, no escuro e olhando para o teto, e em um desses momentos eu me vi amedrontada, o medo de ficar completamente sozinha me fez escrever, e as palavras que eu escrevi foram ”Preciso de pessoas ao meu redor, tanto quanto preciso de ar para respirar, afinal o amor que sinto por elas faz de mim quem eu sou; abdicar disso seria abdicar da minha essência.”.
Eu sei que o comentário era para ser sobre você, ou o que escreveu, mas sou egoísta também, resolvi apenas dizer que compartilho dos mesmos devaneios, citando os meus.
Enfim, desculpe-me por dizer tanto e não dizer muito, mas se quer opiniões sobre como o seu texto ficou claro, objetivo, de fácil compreensão, com um vocabulário vasto, e que o texto é inegavelmente tocante; talvez eu não seja a pessoa certa.

Postagens mais visitadas deste blog

Pão, pão; queijo, queijo.

- Então é isso, Celina? É pão, pão; queijo, queijo?... Eu bem vejo como você é determinada, como é cheia de preceitos e, sabe, isso é bonito de ver, Celina. Gente assim tá em falta no mundo, de verdade. Gente que sai, que escuta os outros, que pensa sobre as atitudes e que depois não arreda pé daquilo que determina. Eu não, Celina,  eu sou um bundão. Todos os dias eu saio por aí tentando colecionar afetos depois que você me deixou. Não é que eu esteja te culpando, Celina, logo você que é tão compreensível. Eu só saía por aí tentando ser uma daquelas pessoas que conquista todo mundo com um sorriso, uma palavra doce, igualzinho a você. Eu queria ser você. Só que não adianta, não é verdade, Celina? Não adianta a gente querer mudar o que é de verdade, além de bundão, eu sou um turrão. Só me compram depois que lêem da página dois pra lá; contigo não, você é tão cheia de si, tão dona do sorriso mais sincero que eu já vi. Na verdade eu queria você pra ser um pouco como você. Eita menina d...

O post do alcólatra

Situação: álcool na sexta e no sábado. Sábado é hoje, álcool presente contínuo. Decido por fazer a experiência de postar em tais moldes, veremos.Gostaria de dicertar sobre ontem. Tudo começa com a extrema irritação proveniente da convicência com outros seres-humanos ao longo do dia todo. Brigas e mais brigas, discuções, vontade de mandar ir tomar no cu pois minha vida é minha, se é que me entendem. Mas daí. Veio o encontro casual. Pessoas que estavam predestinadas a estarem lá naquela hora e naquele local. Revelações que apenas esperavam a oportunidade pra serem confirmadas, pois todo mundo já sabia de todo mundo. Diversão. Adrenalina. Flerte. Luxúria. Vergonha. Despreocupação. Casa. Xingo. Ressaca e dores genitais. Chega o sábado. Mentiras vão, mentiras vêm. Desculpas esfarrapadas que colam muito bem são dadas. Orgulho. Aniversário de irmã. Festa "surpresa". Carro de telemensagem. Declaração de amor. Falando em amor, o amor da vida estava presente. Contei todo o ocorrido no ...

Hierarquia de sentimentos

Às vezes eu me pergunto se dentro dos sentimentos existe uma certa hierarquia. Algo como uma escala, que mensura qual tipo de sensação lhe fará sofrer mais e menos. O que é besteira da minha parte, porque nem tudo cabe padronizar.  É aí que eu entendo o conceito de subjetividade. É quando você compreende o que é sofrer tanto que parece que não cabe mais dor dentro de você, mesmo que fisicamente não exista um arranhão. O choro é como se fosse um túnel estreito por onde se dá vazão às melancolias confinadas a sete chaves dentro do peito. Quanto mais velhos ficamos, mais aprendemos a domar estas dores. Constrói-se uma dura parede em volta daquilo que já enjoamos de sofrer. Gasta-se muito esforço, pra tentar viver sem tentar se preocupar. Mas basta um pequeno empurrão, um gatilho oculto, uma coisa que vem de onde e de quem menos se espera e que faz com que tudo aquilo guardado volte à tona e que você sofra com coisas que não faz mais sentido sofrer e chore pra compensar tudo aqu...