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Out do In

Entra no boteco suburbano, decorado com fotos P&B, bandeiras arco-íris e uma estátua do buda no canto do salão; passa pelas pessoas sentadas, perdidas entre doses de conhaque com limão, cervejas mais amargas que a média; entreolha os pares de all-stares, os moletons e os cachecóis xadrezes; sobe no pequeno palco usado vez ou outra para declamar poesias ao toque do violão; para e observa cada um dos presentes. Estes ao notarem a presença do rapaz cessam de assobiar bossa-nova. Ele estufa o peito de coragem e manda às favas as consequências, julgá-lo-iam  incessantemente depois disso, mas não importava. Quando a batida indie da jukebox termina de tocar ele aproveita o silêncio coletivo para fazer a revelação fatídica em alto e bom som: - Meu CD preferido do Los Hermanos é o primeiro. Deixa o bar sem o brio de olhar pra trás e fitar os olhares de indignação.
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É fato?

Um universo,  um pensar, um modo de agir,  um círculo de amizades  e principalmente uma personalidade  não se cria. Se é. Se absorve, se constrói. O fato de se confirmar, a si e aos outros, não lhe faz mais dono de si. Apenas se é se se age não se se faz agir.

Falando de religião

Eu saio na hora do almoço da escola às quartas-feiras e, após resolver algumas coisas da vida, cheguei em casa como sempre na vontade de usar o computador. Minha irmã estava no meu quarto e meu notebook só se conecta á internet quando cabeado , então peguei o pc da minha mãe e fiquei na sala.  Só estou descrevendo isso, porque é algo que NUNCA ocorre, não fico normalmente na sala  de casa às três da tarde. Foi quando tocou a campainha no melhor "tem um tempinho para Jesus?". Olhei pelo vidro da porta: dois daqueles rapazes de camisa branca e gravata que passam pelas ruas. Certa vez eles vieram em casa e conversaram com meu pai. Eu sabia no que aquilo tudo ia dar, entretanto eu não era o mesmo daquele tempo... minha fé e meu conceito de religião já mudaram muito. Fui atendê-los. Um era bem branco, alto, com um sotaque estrangeiro: americano ou inglês. O outro era mulato mas falava meio ressabiado de boca quase fechada... tentei identificar naquele momento de que país era,...

Antecipação da partida.

Junto com as chaves e a xícara de café, quiçá o último gosto amargo que sentiria naquele lugar, ele deixou alguns escritos. Para fazê-los sintetizou o que havia sido sua vida até agora. Escrevera as palavras no alto da frieza, mesmo estando com o coração dilacerado; ia embora naquele momento com um sentimento de derrota. Ele estava indo como um perdedor, porque por mais que tentasse as coisas não seriam nunca do jeito que ele imaginou. Dentre os desabafos daquele papel estavam os motivos, a falta do diálogo talvez fosse o principal. "Por não tentarem me compreender, por não virem conversar comigo". Olhava para o passado e percebia "Poxa, pela primeira vez na vida eu tô feliz de verdade. Vocês têm noção o que é ver as pessoas vivendo as coisas? Irmãos, amigos, primos.. e você sempre de lado? Conformado-se que ia viver sozinho? Que seu estado permanente é este, que nasceu para estar deslocado e usa isso como desculpa pra ser tão aheio às pessoas. Mas não é assim, ne...

O ano de viver perigosamente.

Vivere pericoloso é o que diriam os italianos, ou até um romance que conta um trecho da história da Indonésia. Foi por aí que me interessei em "Year of Living Dangerously" da "Scissor Sisters", uma de minhas bandas favoritas. Simplesmente porque ela descreve tudo o que 2013 deve ser de acordo com os meus planos. A letra fala por si.   "Year Of Living Dangerously" Tell me what does it mean to be faithful?      Diga-me o que quer dizer ter fé? Is a heart only made for beats?                   Um coração só foi feito para bater? Just another word for painful?                     Somente outra palavra para o sofrimento? So I try to slow down, the brake’s broken.    Então eu tento ir mais lento, o freio quebrou. There’s no way to jump out of here,            Não há modo de pular fora daqui. All these conversations uns...

Um sentimento é um filho.

A um sentimento eu atribuo características humanas. Pelo menos aos meus sentimentos, não posso falar pelos outros. Estou dizendo especificamente do amor em sua concepção, gestação e parto. Isso acontece o tempo todo, do mesmo modo que o tempo todo nasce gente no mundo. Não alcancei a marca dos 7 bilhões porque eu ando trabalhando - não sei por quanto tempo - com a linha de ser seletivo. Só que pessoas abandonam recém-nascidos todos os dias por aí, até alguém encontrar e dar o nome de Vitória; e é nessa metáfora que ando seguindo com os meus amores: eles nascem mas eu não pego pra criar. O preço do leite da liberdade tá caro. Ainda mais que uma coisa que tenho dificuldade é de sair da minha zona de conforto, daí vou abandonando vitórias até que sejam encontrados por outras pessoas por aí. O caso é que esse sentimento/criança eu resolvi alimentar, deixar crescer. Tá na minha cara que vai dar trabalho, basta olhar por aí o quanto pais reclamam de criar os filhos. Eu tinha ignora...

Adeus ano velho.

Já podem encerrar 2012. É verdade... eu deixo de cortesia esses 10, 15 dias que faltam. Foram tantos acontecimentos emblemáticos que tá me deixando até com preguiça me preparar para outros.  Tudo vem para selar, tudo vem para colocar um carimbo de "taí algo que comprove" E esse ano foi assim: eu me apaixonei e desapaixonei, mais de uma vez por mais de uma pessoa; fui tentado, subjugado a agir contra meus princípios e só não cedi por estar muito feliz com o lugar que já cheguei; hoje mesmo quase joguei tudo pro alto em nome de arriscar algo que claramente não traria futuro; fiz amizades, das mais variadas, pessoas que significam coisas opostas para mim: gente que chegou para me mostrar outras perspectivas no profissional, bem como os que surgiram para me mostrar o que é a vida sentimental; presenciei muitas cenas, fiz parte de uma plateia bem seleta, com o prazer de ver o autoconhecimento surgir e perceber como lidam com isso; adquiri novas vontades; consolidei novos e velh...