Era mais um dia comum em que ele chegava em casa, ao fim de um expediente de trabalho não tão cansativo quanto deveria ser, mas o suficiente pra ele se sentir bem consigo e seguir adiante.
Como estava com tempo livre à noite, decidira por entreter-se com alguma coisa ou outra, sem significado. Sem significado tal qual sua vida, seus vícios suas paixões...
Ele - eu, você, nós - estava certo que nada mais fazia sentido. Não sentido no sentido sentimento, mas no sentido sentir. Acordar cedo, ir ao trabalho, ocupar-se lá de algo que lhe fazia útil, tornar à casa (semelhantemente ao bom filho), entreter-se, conversar com alguéns e ir dormir... tudo tão obsoleto, vazio e oco.
Pelo óbvio, ele procurou de onde viria a culpa: de si próprio ou de outrem? Num primeiro momento culpara seus desamores e desafetos; em seguida, culpara-se; por fim, desistiu de procurar cabelo em ovo e foi dormir.
Chorar na cama que é lugar quente.
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"Não habita, se habitua." (8)