Pular para o conteúdo principal

Pleno Quotidiano XII

Cena 7

( dentro do fusca, efeitos e BG's de uma forte tempestade)

Marcos: - Que é isso! Vai cair o céu!
- (silêncio)
Marcos: - Vira a direita agora.
- (silêncio)
Marcos: - Sobe essa.
- (obedece, na mesma)
Marcos: - Que foi? Eu tô guiando mal de novo?
- Marcos, isso é o que parece?
Marcos: -Isso o quê?
- Porque você está nesse carro?
Marcos: - Olha pra fora! Tá vendo a tempestade que tá caindo!
- Dente tantos meios que você poderia ter usado pra chegar em casa...Por que justamente o meu fusca?
Marcos: (sente-se flagrado) - Porque...porque...foi o primeiro que apareceu.
- Nós dois sabemos que não.
Marcos: - O que você está insinuando?
- A verdade. Você atravessou duas ruas embaixo de chuva, pelo o que eu percebi estavam ao lado oposto do caminho pra sua casa. Não havia motivo aparente de você estar andando por lá, a não ser porque foi onde estacionei.
Marcos: - Eu estava lá...
(interrompendo) - Agora eu fico aqui pensando. Qual a razão dessa carona. Ver, você me vê sempre. Conversar, também , sempre que quer. A sós, talvez, mas sempre é onde alguém possa nos ver de longe. Mas aqui. Dentro desse fusca. É o lugar perfeito! É a melhor situação pra você fazer o que vem planejando desde o dia em que me conheceu.
Marcos: Isso que você está falando é lou...
(interrompendo e gritando) - PÁRA DE FINGIR CARALHO!
Marcos: (pausa) - Eu quis mesmo.
- O que você vê em mim?
Marcos: - Porque você quer saber isso?
- Simples. Eu quero ver se nossas opiniões batem.
Marcos: - Você acaba comigo, você tem espírito cênico, você tem as melhores respostas, com você o papo flui, com você me sinto parte de uma grande trama importante, na qual eu sou o personagem principal.
- ...você gosta do cotidiano ao meu lado?
Marcos: - Melhor palavra você não poderia ter usado.
(pára o carro, olham-se, tocam-se e prestes a beijar...)
(tira o rosto) - Sai
Marcos: - Ta me expulsando ?
- Não, eu vou sair também.
Marcos: - Por quê?
- Eu vou te beijar lá fora, no meio da rua, onde todos possam ver.
( pausa, Marcos sai do carro )
(saindo em seguida) - Agora eu vou dizer o que me atrai em você.
Marcos: (aproximando-se) - Fala.
- Sua louca vontade de criar situações, de querer mudar o mundo, ou melhor, de querer mudar as pessoas. Entenda, elas são como são.
Marcos:- Mas o que isso tem a ver com você?
- Eu gosto de irritar meninos mimados.
( longa pausa, olham-se mais carinhosamente do que de costume, Marcos cede ao momento, beijam-se sobre a chuva. Um caminhão passa e buzina. Entram correndo de volta no carro)

B.O

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Pão, pão; queijo, queijo.

- Então é isso, Celina? É pão, pão; queijo, queijo?... Eu bem vejo como você é determinada, como é cheia de preceitos e, sabe, isso é bonito de ver, Celina. Gente assim tá em falta no mundo, de verdade. Gente que sai, que escuta os outros, que pensa sobre as atitudes e que depois não arreda pé daquilo que determina. Eu não, Celina,  eu sou um bundão. Todos os dias eu saio por aí tentando colecionar afetos depois que você me deixou. Não é que eu esteja te culpando, Celina, logo você que é tão compreensível. Eu só saía por aí tentando ser uma daquelas pessoas que conquista todo mundo com um sorriso, uma palavra doce, igualzinho a você. Eu queria ser você. Só que não adianta, não é verdade, Celina? Não adianta a gente querer mudar o que é de verdade, além de bundão, eu sou um turrão. Só me compram depois que lêem da página dois pra lá; contigo não, você é tão cheia de si, tão dona do sorriso mais sincero que eu já vi. Na verdade eu queria você pra ser um pouco como você. Eita menina deter

O post do alcólatra

Situação: álcool na sexta e no sábado. Sábado é hoje, álcool presente contínuo. Decido por fazer a experiência de postar em tais moldes, veremos.Gostaria de dicertar sobre ontem. Tudo começa com a extrema irritação proveniente da convicência com outros seres-humanos ao longo do dia todo. Brigas e mais brigas, discuções, vontade de mandar ir tomar no cu pois minha vida é minha, se é que me entendem. Mas daí. Veio o encontro casual. Pessoas que estavam predestinadas a estarem lá naquela hora e naquele local. Revelações que apenas esperavam a oportunidade pra serem confirmadas, pois todo mundo já sabia de todo mundo. Diversão. Adrenalina. Flerte. Luxúria. Vergonha. Despreocupação. Casa. Xingo. Ressaca e dores genitais. Chega o sábado. Mentiras vão, mentiras vêm. Desculpas esfarrapadas que colam muito bem são dadas. Orgulho. Aniversário de irmã. Festa "surpresa". Carro de telemensagem. Declaração de amor. Falando em amor, o amor da vida estava presente. Contei todo o ocorrido no

Conselho X Consciência.

Perguntei: - Não quero mais viver assim! O que eu faço? Socorro! Responderam: - Se ela voltar com isso, chama num canto, estufa o peito e manda a real. Nem que suas próprias palavras lhe machuquem. Sou uma vergonha pra classe teatral.