Pular para o conteúdo principal

Pleno Quotidiano XIV

Cena 14

(pequeno jardim com bancos, dentro da faculdade, chega Marcos)

Marcos: Por que você mandou me chamar?
- Eu quero que você pare com isso.
Marcos: -Seja específico, não sou adivinho.
- Pare de falar que você ama as pessoas.
Marcos: - Não.
- Você diz pra quem não deve.
Marcos: - Pra quem?
- Disse pra mim na lanchonete, disse pra coitada da Gabriella ontem na praça e disse pra não sei que amiga ao telefone.Pra essa deve falar sempre.
Marcos: -Você ta me espionando, filho da puta!
- Estou sim. E cheguei à conclusão que você é mais decepcionante do que eu imaginei.
Marcos: - Eu não estou aqui pra agradar. E do jeito que você fala, parece que EU sou quem sempre toma a iniciativa.
- Eu te beijei por que eu quis, todas as vezes.
Marcos: E então?
- Não quero mais. Chegou a hora de você tomar uma decisão definitiva na sua vida.
Marcos: - O que é isso? Um pseudo-fora?
- Presta atenção, Marcos, toma uma resolução.
Marcos: - Que resolução? Você quer que eu te escolha? É isso?
- Não.
Marcos: - Então o quê? Quer que eu perca a vergonha? Eu te beijei na lanchonete, lembra? Lá qualquer um poderia ter visto.
- Não é isso.
Marcos: - Então, na certa, tá querendo que eu mude meu jeito por você, saiba que n...
( interrompendo e gritando) - PÁRA DE FINGIR QUE NÃO ESTÁ NEM AÍ, COM ESSAS PERGUNTAS! Escuta bem, eu não quero você, porque eu não GOSTO de você, eu odeio as suas mentiras, eu odeio seu jeito besta de dizer que ama todo mundo e , por trás, ficar criticando.Eu não suporto o jeito que você se isolou do mundo. Você se acha o melhor por isso. E eu , fui a única pessoa que descobriu isso, te desarmou.Pensei que nu, você fosse melhor. Ledo e estúpido engano. Você , mesmo nu, tenta desesperadamente esconder teu pinto e teu cu! Saca? Você mesmo quando não tem mais jeito de se esconder, não dá o braço a torcer.
Você Marcos, parece ser alguem de conteudo, mas no fundo, é uma criança traumatizada, que deve ter sido muito pisada pelo mundo e quer encontrar nos outros a culpa de tudo. O mundo é como é! As pessoas são como são! Repito.
Marcos: -Ah...
(interrompendo novamente) - E antes que você dê uma desculpa esdruxula, eu vou te dizer. Mesmo com tudo isso você é apaixonante! Mesmo flagrado. Pois é admirável ver o jeito que você não desce do salto.Só que, pra mim, isso tudo não dá. Eu vou embora depois de amanhã, eu vou voltar pro Rio. Tinha que te dizer isso tudo. Agora eu quero que você vá lá, e diga exatamente assim pra Gabriella: Pede desculpas.Diz que é fato. Que você nunca a amou.Que você foi um idiota.Melhor, você é. Que você só quer o perdão dela, um dia.Diz que foi muito bom ficar com ela esse tempo.Mas vocês não se merecem mesmo.Que você é "bom demais pra ela".Você não é digno dela. É o pior tipo de covarde.É aquele que vai pra luta, mas se alia com o inimigo...Pode falar agora.
Marcos:(tempo)- Você me amou?
- Nunca, talvez nem ela.
Marcos: - O que eu faço de mim?
- Há tempo. Olhe pra dentro de si.
(Marcos vai saindo, nisso Gabriella aparece mas não notam sua presença, quando Gabriella o vê, vai em direção dele pra falar alguma coisa, mas é interrompida)
Marcos:(gritando de longe) - Eu digo que traí ela?
- Ela não merece isso. Diz que não a amae pronto.
Marcos: - Mas eu...
- VOCÊ NÃO A AMA!
Marcos: -Se é isso que você sempre quis ouvir, é mesmo.Eu não amo ninguém.
( Gabriella que ouviu isso aparece em vista)
Gabriella: - Eu devia saber! Cachorro, filho da puta!
Marcos:- Gabi! Faz tempo que está aí?
Gabriella: - O suficiente pra saber que você é infiel e mentiroso! (sai correndo)
Marcos: - Gabi! (sai atrás)
(Só em cena, olha pro chão um tempo) - Eis minha verdade...espero um dia ter essa mesma ajuda de alguém...(sai)

B.O

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Pão, pão; queijo, queijo.

- Então é isso, Celina? É pão, pão; queijo, queijo?... Eu bem vejo como você é determinada, como é cheia de preceitos e, sabe, isso é bonito de ver, Celina. Gente assim tá em falta no mundo, de verdade. Gente que sai, que escuta os outros, que pensa sobre as atitudes e que depois não arreda pé daquilo que determina. Eu não, Celina,  eu sou um bundão. Todos os dias eu saio por aí tentando colecionar afetos depois que você me deixou. Não é que eu esteja te culpando, Celina, logo você que é tão compreensível. Eu só saía por aí tentando ser uma daquelas pessoas que conquista todo mundo com um sorriso, uma palavra doce, igualzinho a você. Eu queria ser você. Só que não adianta, não é verdade, Celina? Não adianta a gente querer mudar o que é de verdade, além de bundão, eu sou um turrão. Só me compram depois que lêem da página dois pra lá; contigo não, você é tão cheia de si, tão dona do sorriso mais sincero que eu já vi. Na verdade eu queria você pra ser um pouco como você. Eita menina d...

O post do alcólatra

Situação: álcool na sexta e no sábado. Sábado é hoje, álcool presente contínuo. Decido por fazer a experiência de postar em tais moldes, veremos.Gostaria de dicertar sobre ontem. Tudo começa com a extrema irritação proveniente da convicência com outros seres-humanos ao longo do dia todo. Brigas e mais brigas, discuções, vontade de mandar ir tomar no cu pois minha vida é minha, se é que me entendem. Mas daí. Veio o encontro casual. Pessoas que estavam predestinadas a estarem lá naquela hora e naquele local. Revelações que apenas esperavam a oportunidade pra serem confirmadas, pois todo mundo já sabia de todo mundo. Diversão. Adrenalina. Flerte. Luxúria. Vergonha. Despreocupação. Casa. Xingo. Ressaca e dores genitais. Chega o sábado. Mentiras vão, mentiras vêm. Desculpas esfarrapadas que colam muito bem são dadas. Orgulho. Aniversário de irmã. Festa "surpresa". Carro de telemensagem. Declaração de amor. Falando em amor, o amor da vida estava presente. Contei todo o ocorrido no ...

Hierarquia de sentimentos

Às vezes eu me pergunto se dentro dos sentimentos existe uma certa hierarquia. Algo como uma escala, que mensura qual tipo de sensação lhe fará sofrer mais e menos. O que é besteira da minha parte, porque nem tudo cabe padronizar.  É aí que eu entendo o conceito de subjetividade. É quando você compreende o que é sofrer tanto que parece que não cabe mais dor dentro de você, mesmo que fisicamente não exista um arranhão. O choro é como se fosse um túnel estreito por onde se dá vazão às melancolias confinadas a sete chaves dentro do peito. Quanto mais velhos ficamos, mais aprendemos a domar estas dores. Constrói-se uma dura parede em volta daquilo que já enjoamos de sofrer. Gasta-se muito esforço, pra tentar viver sem tentar se preocupar. Mas basta um pequeno empurrão, um gatilho oculto, uma coisa que vem de onde e de quem menos se espera e que faz com que tudo aquilo guardado volte à tona e que você sofra com coisas que não faz mais sentido sofrer e chore pra compensar tudo aqu...