Eu já tomei o ônibus das seis e meia um tanto irritado sem saber com o quê.Pelo menos meu ponto é um dos primeiros, isso me dá bastante lugar pra sentar.O ruim é escolher, sei lá, parece que sempre me arrependo da escolha mais tarde.
Hoje não foi diferente.
Primeiro dia de aula pra muitos,faz o povo querer colocar o assunto em dia.Eu não tinha ninguém pra conversar, e mesmo se tivesse, duvido que me deslocaria em troca de um diálogo.
Passando pelo próximo bairro de classe baixa, sobe muita gente.Sempre é assim.Fazendo jus ao fim das férias ficaram lá conversando.Como estava em silêncio,não pude deixar de ouvir:
-Oh lá Ricardinho,-dizia um cara em pé no corredor- resolveu voltar né (risos).Tamo na mesma classe.
-Ah voltei memo mano,- Ricardinho responde - mas cê ta ligado que o baguio é de respeito agora né.
Ricardinho estava em pé bem ao meu lado, o excesso de gente no ônibus fazia com que ele constantemente raspasse seu orgão sexual no meu ombro.Isso me irritou.
Continuaram o papo, e percebi que todos tinham mais de 20 anos, e brincavam um com o outro por isso. Deu dó de um tal de Cabeção que repetira o terceiro ano pela quarta vez, e com vinte e cinco anos ainda não tinha saído da escola.
Enfim, fiquei mais calado do que já estava e caminhei em direção à faculdade.É irritantemente distante esse trajeto,fiquei formulando um novo percurso para o ônibus, mas dei-me conta do egoísmo em tal pensamento.Em cinco minutos estava lá.
Entrei na sala e não cumprimentei ninguém.Me sinto estranhamente bem e popular fazendo isso.Um cara lá que eu sempre converso me disse bem assim aí:
-Oi né! Tudo bem!
-E ae,- respondi -tudo sim.
Ele então, com uma expressão "por que será que ele chega e não cumprimenta ninguém", disse me:
-Posso te dar um abraço?
Respondi com um amável sorriso, aceitando sinceramente a idéia:
-Claro!
Levantou-se do lugar e abraçou-me então.
Com o passar do tempo perceberam uma diferença na minha "cara de sempre".Eu adoro que me notem, principalmente quando estou quieto.É que sempre se acostumam a ouvir minha voz.Na falta dela, me expresso muito mais do que com palavras.Fiquei mais feliz na faculdade do que no ônibus.Na faculdade me notaram por estar calado, sem contar que a ausência de um pênis esfregando em seu ombro é muito prazerosa.
No intervalo perguntaram o porquê de tanto silêncio.Eu disse assim:
-Eu sou quieto.
Depois de soltar essa frase, pensei sobre o assunto.Minha conclusão foi: "Sou quieto o caralho".Murmurei essa frase baixinho antes de entrar na sala.
Voltei pra aula e falei mais daí.Mesmo assim, eu estava quieto.Os sons saiam, os pensamentos formulavam.Só que o que realmente sou, não estava em nenhuma frase que saltava da minha boca.Agora virou praxe.Já me perdi, e vi que nem no cotidiano estou me achando.
Portanto, enquanto eu não achar algo que seja realmente útil para ser dito, algo que traduza meu ser em palavras
Eu sou quieto.
Hoje não foi diferente.
Primeiro dia de aula pra muitos,faz o povo querer colocar o assunto em dia.Eu não tinha ninguém pra conversar, e mesmo se tivesse, duvido que me deslocaria em troca de um diálogo.
Passando pelo próximo bairro de classe baixa, sobe muita gente.Sempre é assim.Fazendo jus ao fim das férias ficaram lá conversando.Como estava em silêncio,não pude deixar de ouvir:
-Oh lá Ricardinho,-dizia um cara em pé no corredor- resolveu voltar né (risos).Tamo na mesma classe.
-Ah voltei memo mano,- Ricardinho responde - mas cê ta ligado que o baguio é de respeito agora né.
Ricardinho estava em pé bem ao meu lado, o excesso de gente no ônibus fazia com que ele constantemente raspasse seu orgão sexual no meu ombro.Isso me irritou.
Continuaram o papo, e percebi que todos tinham mais de 20 anos, e brincavam um com o outro por isso. Deu dó de um tal de Cabeção que repetira o terceiro ano pela quarta vez, e com vinte e cinco anos ainda não tinha saído da escola.
Enfim, fiquei mais calado do que já estava e caminhei em direção à faculdade.É irritantemente distante esse trajeto,fiquei formulando um novo percurso para o ônibus, mas dei-me conta do egoísmo em tal pensamento.Em cinco minutos estava lá.
Entrei na sala e não cumprimentei ninguém.Me sinto estranhamente bem e popular fazendo isso.Um cara lá que eu sempre converso me disse bem assim aí:
-Oi né! Tudo bem!
-E ae,- respondi -tudo sim.
Ele então, com uma expressão "por que será que ele chega e não cumprimenta ninguém", disse me:
-Posso te dar um abraço?
Respondi com um amável sorriso, aceitando sinceramente a idéia:
-Claro!
Levantou-se do lugar e abraçou-me então.
Com o passar do tempo perceberam uma diferença na minha "cara de sempre".Eu adoro que me notem, principalmente quando estou quieto.É que sempre se acostumam a ouvir minha voz.Na falta dela, me expresso muito mais do que com palavras.Fiquei mais feliz na faculdade do que no ônibus.Na faculdade me notaram por estar calado, sem contar que a ausência de um pênis esfregando em seu ombro é muito prazerosa.
No intervalo perguntaram o porquê de tanto silêncio.Eu disse assim:
-Eu sou quieto.
Depois de soltar essa frase, pensei sobre o assunto.Minha conclusão foi: "Sou quieto o caralho".Murmurei essa frase baixinho antes de entrar na sala.
Voltei pra aula e falei mais daí.Mesmo assim, eu estava quieto.Os sons saiam, os pensamentos formulavam.Só que o que realmente sou, não estava em nenhuma frase que saltava da minha boca.Agora virou praxe.Já me perdi, e vi que nem no cotidiano estou me achando.
Portanto, enquanto eu não achar algo que seja realmente útil para ser dito, algo que traduza meu ser em palavras
Eu sou quieto.
Comentários
Comentando: Achei muito digno! Bem cotidiano...
Realidades a lot no post, o "estar quieto" por conveniencia é o que ocorre sempre. Porém, nem sempre tem um motivo plausível, mas acaba trazendo os resultados esperados.
Abraços..
:Tiago Faller.